sexta-feira, 12 de abril de 2013

“JERUSALÉM



Nesse terceiro e magnífico livro que compõe a tetralogia O Reino, Gonçalo nos revela a loucura e a capacidade que os loucos têm para amar e o que eles também são capazes de fazer por amor. Neste romance onde a razão, loucura, tortura e afeto orientam os impulsos de homens e mulheres ocupados em compreender e lidar com os limites da sanidade. 

Theodor Busbeck é um médico respeitado que se apaixonou e casou com a jovem Mylia dona de uma beleza “violenta” e que acredita que tem a capacidade de ver a alma. Busbeck desenvolve um estudo minucioso sobre o horror na história. Quer descobrir se a violência está aumentando ou diminuindo, e pretende traçar um gráfico para prever novos massacres. Gomperz Rulrich, diretor do hospício, trata seus pacientes de maneira científica. Rigidamente vigiados, eles vivem num universo concentracionário que tem por objetivo eliminar os mistérios do cotidiano. Hinnerk  carrega olheiras profundas e aterroriza as crianças do bairro. Kaas é um garoto de pernas frágeis e dicção fraturada. Ernst passou anos internado, e agora está perturbado com a própria liberdade.


Acossados por um perigo sem nome, os personagens de Jerusalém sentem na pele a iminência de um acontecimento avassalador – que pode ocorrer no plano pessoal ou histórico. A memória do holocausto deita uma sombra sobre essas existências dilaceradas. E a estabilidade emocional de todos está por um fio. Esses e outros personagens compõem essa obra intrigante, onde Gonçalo mostra como a dominação é forma recorrente de relacionamento entre os homens. Esse foi um dos melhores livros que eu li da tetralogia O Reino, senão o melhor!


OBS: José Saramago no discurso de atribuição do Premio ao romance "Jerusalém", disse: 'Jerusalém' é um grande livro, que pertence à grande literatura ocidental. Gonçalo M. Tavares não tem o direito de escrever tão bem apenas aos 35 anos: dá vontade de lhe bater!”.

“A MÁQUINA DE JOSEPH WALSER”




Desde quando li em agosto de 2011 pela primeira vez um de seus livros cujo título é: “Aprender a Rezar na Era da Técnica”, que também faz parte da tetralogia O REINO, que eu me tornei fã e admirador do autor lusitano Gonçalo M. Tavares. Refiro-me aqui a mais um de seus magníficos livros que já li neste ano e por sinal também gostei bastante, é o segundo da tetralogia e chama-se “A Máquina de Joseph Walser”. Cujo livro narra a história de um funcionário especialista na operação de uma máquina industrial, tal especialista é o próprio Joseph Walser. 

O livro narra a realidade de muitos trabalhadores como o caso de Joseph, que insiste calçar sapatos antiquados, que só se sente verdadeiramente útil quando está operando sua amada e companheira máquina industrial. Costuma gastar suas horas de folga jogando dados com alguns amigos também operários, é claro. Mas na verdade sua existência interior é preenchida por uma excêntrica coleção que não se sabe ao certo de quê, que a mantém fechada à chave e organizada por ele com infinita minúcia! 

Enfim, é um livro que retrata da vida e rotina de um trabalhador já cansado da mulher, da rotina, por não ter filhos e resignado em seu único mundo que faz real sentido, o local de trabalho!

Link da resenha de "Aprender a Rezar na Era da Técnica "